Em 22 de junho de 1941 a Alemanha nazista dá início à operação Barbarrossa, a invasão da União Soviética. Começava aí a derrota alemã na segunda grande guerra. Hitler tinha aberto muitas frentes de batalha e subestimou o poder de resistência do exército vermelho. Cercado de pessoas que ressaltavam o quão brilhante ele era e que não o confrontavam quando discordavam das suas atitudes, o líder nazista acreditou que era invencível e acabou derrotado pouco menos de 4 anos depois.
Dentro da psicologia, a megalomania é caracterizada por um senso inflado de auto-estima e superestimação de pessoas de seus poderes e crenças. Uma pessoa megalomaníaca ou com tendências megalomaníacas é obcecada em realizar feitos e atos grandiosos. Obviamente, quanto maior o salto, maior será a queda em caso de falha.
Após esses dois parágrafos introdutórios, creio
que vocês já entenderam que falaremos do nome mais evidente do MMA mundial no
momento, Conor McGregor. Dono de uma personalidade ímpar e polêmica, você pode amá-lo
ou odiá-lo, mas é impossível ficar indiferente ao irlandês.
Independente do que você pense do personagem
Conor McGregor, é necessário deixar essa emoção de lado ao analisar o lutador. Pode-se
discutir que a sua trajetória até o cinturão foi encurtada pelo UFC, mas ele
não é o atual campeão por obra do acaso ou um golpe de sorte. Dono de uma movimentação excelente e pouco
ortodoxa, golpes muito precisos e potentes, o Notorius é indiscutivelmente um
dos melhores lutadores da categoria. Além disso, é preciso reconhecer que o
irlandês definitivamente aceita correr riscos quando decide desafiar o campeão
de uma categoria de cima.
Acontece que a linha entre a audácia e a
megalomania muitas vezes é tênue. Ao perder a luta contra Nate Diaz, McGregor
deve ter percebido por que existem categorias de peso no mundo das lutas. Pela
primeira vez no UFC ele lutou com um adversário de maior envergadura, mais pesado,
com bom poder de absorção de golpes, trocação e jiu jitsu de alto nível.
Acostumado a enfrentar rivais maiores e fortes, o americano sobreviveu ao
ímpeto inicial do europeu e aos poucos foi impondo seu jogo. Quando viu que
seria nocauteado, um desesperado Conor se lançou de qualquer jeito nas pernas
do pupilo de Cesar Gracie e virou presa fácil no chão.
Assim como aconteceu com Ronda Rousey, após a derrota
o mundo caiu sobre as costas do irlandês. Pela forma como se promoveu e se
comportou até aqui, essa reação era mais do que esperada. Entretanto, não acredito
que essa derrota mudará a relevância e notoriedade do McGregor. Conor não
alcançou o patamar atual apenas pelo seus méritos esportivos, mas também (ou
seria principalmente) pela seu carisma e auto-promoção. Certamente ele ainda
representará o maior gerador de receitas do UFC em 2016 e seguirá como uma das
maiores estrelas do evento. O próprio Dana White já confirmou a presença dele
no UFC 200.
A questão central na minha visão é como ele vai
reagir a essa queda. Será ele capaz de reconhecer que é um dos campeões mais
unidimensionais do UFC? Estará ele disposto a seguir uma trajetória mais
conservadora e assumir riscos mais calculados?
Por mais carisma que tenha, para se manter
relevante, um lutador precisa também de méritos esportivos sólidos. Até aqui os
únicos grandes desafios de Conor haviam sido José Aldo e um Chad Mendes
totalmente sem ritmo de luta. Se for capaz de entender que agora é que começam
realmente os seus desafios mais difíceis, ele pode se manter relevante. Porém,
se continuar confundindo auto-confiança com soberba, vai entender que além da
queda vai vir o coice.
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