Dr. Frankenstein e a difícil arte de dizer não: uma ótica sobre a aposentadoria de Conor McGregor

Fala leitores do Espaço BJJ! Já estava com o texto da semana saindo do forno quando o imprevisível nos colocou uma bomba irlandesa no colo e me obrigou a muda-lo no último minuto. 
Para não ser injusto com o sólido resultado alcançado por Glover Teixeira no último evento, deixo no final um resumo do texto original que seria publicado hoje.

Em 1817, Mary Shelley escreveu o clássico da literatura mundial Frankenstein. Na obra, o doutor Victor Frankenstein cria um ser de características humanas em seu laboratório. Algum tempo depois a criatura passa a atormentar a vida do seu criador.

"Malditas (embora eu amaldiçoe a mim mesmo) as mãos que te criaram." Victor Frankenstein
Desculpem a referência piegas, mas este resumo pobre da obra de Shelley retrata exatamente a minha sensação ao me deparar com a notícia da saída de Conor McGregor precedida do anúncio de aposentadoria feita pelo mesmo.

Se você esteve recluso em um tempo budista nos últimos dois dias, explico: em um tweet ontem pela manhã o irlandês anunciou que estava se aposentando. Horas mais tarde, o presidente do UFC Dana White veio a público explicar que McGregor estava fora do UFC 200 pois se recusou a participar dos eventos promocionais (entrevistas, filmagens, viagens de divulgação...).

A reação causou espanto entre mídia e fãs. Afinal, como pode o maior vendedor da história do MMA se aposentar tão cedo? O piti do irlandês seria motivo suficiente para ser retirado do evento mais importante da história do UFC? Muitos não acreditaram na versão oficial e começaram a especular sobre as “reais” causas para os fatídicos acontecimentos. Doping, chantagem por uma bolsa astronômica, lesão e trauma pela recente morte de um lutador foram algumas das razões levantadas.
Pra mim o que fica claro nessa história toda é que houve um momento de ruptura na relação UFC – Conor. Não digo que ela seja definitiva, mas sem dúvida existe um desgaste de prejuízo astronômico para ambos os lados. Por isso mesmo, meu grande ponto de reflexão é que o doutor Dana “Frankenstein” White poderia ter evitado esse desfecho radical se tivesse dito antes um não para os (cada vez mais) megalomaníacos desejos de sua criatura.

O monstro

Entendo perfeitamente que por ser o lutador mais rentável da atualidade, o irlandês desfrutasse de certos privilégios. Contudo, também estava evidente que o ego do Notorius estava cada vez mais incontrolável. Apenas para ilustrar, vejam a sequência cronológica do que considero a escalada final para a ruptura atual:
1 – Exigêngia de lutar pelo cinturão da categoria de cima sem nem ao menos defender o da sua;
2 – Querer manter cinturões de diversas categorias ao mesmo tempo, coisa que o UFC nunca havia permitido;
3 – Exigência de uma revanche sem a menor lógica esportiva contra seu algoz Nate Diaz;
A minha grande reflexão aqui é que uma negativa a alguns desses episódios poderia ter feito Conor entender que apesar de ser a maior estrela da organização, ele ainda era um funcionário e precisava portanto respeitar também os interesses do UFC.
Sei perfeitamente como é difícil dizer não em alguns momentos. Entretanto, essa é uma arte que não só pode manter boas relações como pode evitar muitos prejuízos. Afinal, sem ter nenhum lutador em atividade com a capacidade de vendas do McGregor, prevejo uma perda de alguns milhões de doláres para o UFC no seu evento de número 200. Talvez a solução agora resida em Montréal e atenda pelas iniciais de GSP... Quem viver verá

Glover e Rashad: presente, passado e futuro

Com poucos minutos de luta, Rashad Evans estava dormindo em posição constrangedora. Andar de forma estabanada para trás contra um pegador mortal como Glover foi o pior erro que ele poderia ter cometido.
O brasileiro caminha a passos firmes para uma possível disputa de cinturão e se mantém na elite da categoria. Após duas derrotas seguidas, ele vive grande fase e mostra tremendo poder de recuperação.

Já o americano está em situação oposta. Após voltar de dois anos de inatividade, Rashad vem de duas derrotas e por ser um nome muito grande não tem a opção de pegar umas molezas para se recuperar. Só vejo dois caminhos possíveis para o ex-campeão, descer de categoria ou se aposentar.

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