Jiu-Jitsu nos Jogos Olímpicos: Sonho ou Realidade?

Os Jogos Olímpicos serão realizados esse ano aqui no Brasil, tendo como sede a cidade do Rio de Janeiro celeiro do jiu-jitsu brasileiro. O desejo de muitos praticantes da arte suave é ver o jiu-jitsu nos Jogos e sempre tentamos entender o porquê do jiu-jitsu não entrar na lista de esportes olímpicos. Tendo a maioria dos campões mundiais, o esporte seria a esperança de mais medalhas douradas para nosso país. Para entender melhor essa questão é importante esclarecer alguns pontos.

Os Jogos Olímpicos de Verão e de Inverno são organizados pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) que é uma organização não governamental, criada em 1894 com o intuito de restituir os Jogos Olímpicos realizados na Grécia Antiga e hoje detém os direitos de autor, marcas registradas e outras propriedades relacionadas aos Jogos.

Para fazer parte dos esportes olímpicos a modalidade deve seguir algumas regras básicas definidas pelo COI:
1-      O esporte precisa ser praticado por homens em 75 países pelo menos e em quatro continentes.  No caso das mulheres precisam ser praticado em 40 países e em três continentes;
2-      Existe uma limitação na quantidade de esportes olímpicos.  Uma vez aumentando a quantidade de modalidades, cresce a quantidade de atletas e isso pode inviabilizar a realização do evento. Desta forma o COI definiu que para um esporte entrar outro tem que sair;
3-      O esporte precisa ser "reconhecido" pelo COI, para assim pode ser adicionado ao programa dos próximos Jogos Olímpicos, sendo que se faz necessário passar pela comissão de programa olímpico do COI e em seguida uma votação da assembleia do COI.
4-      O esporte deve ser organizado por uma federação internacional que garanta as atividades desportivas;
Considerando os critérios expostos acredito que a arte suave cumpra o primeiro item sem problemas. A prática do esporte cresceu bastante no mundo, basta conferir a quantidade de inscritos nos campeonatos e na quantidade de equipes e filiais que surgem a cada dia por todos os continentes.

O segundo fator é bem complicados, pois se trata dos interesses do COI. A organização é financiada através de publicidade, patrocínio, comercialização de artigos comemorativos dos Jogos e da venda dos direitos de transmissão. Desta forma é interessante ela manter na sua lista de esportes, modalidades que tenham bastante interesse do público, assim a disputa pela compra dos direitos de transmissão seria mais acirrada o que poderia aumentar o valor recebido pelo mesmo, é um raciocínio simples. Daí surge alguns questionamentos, será que o jiu-jitsu renderia uma boa audiência? As regras seriam facilmente compreendidas tratando-se de leigos? Até que ponto a forma de lutar de alguns atletas poderia atrapalhar o espetáculo? Qual esporte sair para dar lugar ao jiu-jitsu?

O terceiro e quarto pontos são o mais polêmicos, pois envolvem as federações. Nenhuma federação de jiu-jitsu é reconhecida pelo COI, outras artes marciais como karatê, kung fu, capoeira são vinculadas o que já dão certa vantagem em relação ao jiu-jitsu. Atualmente contamos com inúmeras federações, por exemplo, IBJJF – Federação Internacional de Jiu –Jitsu Brasileiro, FIJJD – Federação Internacional de Jiu-Jitsu Desportivo, UAEJJF – Federação de Jiu-Jitsu dos Emirados Árabes Unidos que possuem calendários, regras e competições independentes. Será que as federações estariam dispostas a unir forças e acabar com essa enorme quantidade de entidades? E a questão financeira seria facilmente acordada? Uma vez que as federações sobrevivem da realização de seus eventos e de patrocínios. Quem iria comandar essa federação unificada? E se o COI reconhecesse alguma, como as outras irão se comportar em relação a isso?


No mundo das artes marciais o ego é bastante aflorado nas pessoas que organizam e praticam o esporte, e pra mim esse é o principal entrave na questão jiu-jitsu e Jogos Olímpicos.  No dia que essas pessoas pensarem mais no esporte e deixarem a vaidade de lado o jiu-jitsu tem grandes chances de entrar na lista dos esportes olímpicos e torna-se o esporte que mais conquista medalhas de ouro para o país. Enquanto isso não acontece continuaremos sonhando com quedas, passagens de guarda, raspagens e finalizações em tatames olímpicos.

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